quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O carrossel nunca para de girar...

A memória de ninguém é perfeita ou completa. Nós confundimos as coisas. Estamos em um lugar e depois em outro, na nossa mente horas se transformam em segundos, as nossas experiências se transformam em lembranças e se amontoam na nossa memória e de repente tudo se parece com um longo e inescapável momento.
Minha memória sempre me intriga, sempre me engana, e sempre me alenta. Desde pequeno passei por experiências muito fortes e que deixaram marcas na minha alma, ser abusado na infância por um parente próximo, não ter uma fonte de afeto em meus pais, sofrer preconceito pela cor da pele, tudo isso mexeu muito comigo na minha infância e início da adolescência, mas o mais engraçado é que quando olho pra trás e puxo nos meus arquivos de memórias e tento lembrar dessas experiências tudo parece tão vago e desconexo, algumas coisas mal lembro, é como se elas se quer tivessem existido, só lembro de eu dizendo para mim mesmo, que aquilo iria passar e que um dia tudo ficaria bem. É muito engraçada a maneira como a memória funciona, não é? As coisas das quais não nos lembramos. As coisas das quais nunca esquecemos.

Dizem que podemos reprimir nossas memórias, ao ponto de não nos lembrarmos mais de algumas delas. As vezes me pergunto, estamos nos desfazendo de nossas memórias, ou as guardando em um lugar seguro, normalmente os lugares onde guardamos os nossos tesouros são os lugares menos conhecidos e menos visitados, porque do mesmo modo que guardamos nossos tesouros em cofres, guardamos ali também algumas memórias, porque o valor é o mesmo. Por mais dolorosas que essas memórias sejam, elas são valiosas. Construímos nossa vida em cima de erros e acertos. Nossas memórias nos fazem quem somos.

O tempo não para, não podemos voltar atrás, tampouco parar o tempo e viver um único momento, o tempo, a vida, ela é contínua, como disse Ellis Grey, "o carrossel nunca para de girar", e as nossas memórias vão sempre nos acompanhar e em um momento ou outro, elas vão nos trair, e algumas vão novamente parecer como um longo inescapável momento. 

Os momentos passam as vezes num piscar de olho, num novo amanhecer, na maturidade que vem com os anos, outros momentos perduram pela vida toda. Mas não deixam de ser momentos. Podemos escolher? O que podemos tirar? Que peças vão nos perseguir? Nos machucar? Acabar conosco? Nos inspirar?  Afinal..."o carrossel nunca para de girar"...

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Sinto, sinto e sinto...

Sempre travei uma batalha dentro de mim, dois "eus" completamente diferentes se enfrentando, um querendo se sobressair ao outro, uma luta constante entre a razão e a emoção, a razão sempre me pedindo cautela, me mostrando os possíveis perigos e freando meus passos e do outro a emoção louca desvairada me pedindo pra ir, pra correr, pra me jogar do precipício e confiar, só ir...

Quando era mais novo segui muito a emoção, fiz muitas coisas sem pensar, e me arrependo de poucas, mas confesso que muitas vezes minha impulsividade me levou para caminhos tortuosos e convivo com as marcas das minhas escolhas até hoje, mas seguir a emoção nos dá aquela sensação de estar vivo, sentir o coração bater forte, a adrenalina tomar conta do corpo, uau, que sensação maravilhosa... mas nem sempre a emoção nos conduz às melhores escolhas, nem sempre... e comigo foi o que aconteceu, foram tantos tombos que acabei desistindo de ouvir a emoção.

Deixei de ouvir a emoção, coloquei ela na última gaveta do criado mudo e lá deixei, esqueci, fingi pra mim mesmo que não precisava mais dela pra encarar esse mundo de frente, transformei a razão na minha melhor amiga, me tornei um estrategista, cada movimento calculado, cada risco e possibilidade estudada e ponderada, confesso que consegui alcançar muitas coisas nesse jogo onde cada peça tem sua finalidade e cada movimento é previamente calculado, ganhei muito, mas perdi muito também, o coração que antes era quente foi perdendo seu calor, gradualmente e de forma imperceptível, o sorriso largo foi ficando cada vez mais triste, antes sincero, se tornou uma máscara e viver de máscaras é tão ruim, viver sem sentir não é viver é sobreviver.

E assim andava eu sobrevivendo nesse mundão, me lamentando pelos erros e pelas perdas, olhava para o futuro e não esperava muita coisa dele, não esperava sorrisos, não esperava mais empatia, não esperava mais nada de muito grandioso, ia sobrevivendo e já me estava de bom tamanho... 

Voltar a amar? Voltar a sentir? Jamais... Pensei que depois de errar tanto, de conhecer tanta gente, eu não teria mais essa dádiva, pensei que tivesse chegado em um ponto em que não tivesse mais a capacidade de amar e muito menos que merecesse ser amado, e lá no fundo já tinha até me acostumado com a ideia, e se caso, remotamente eu tivesse que me envolver com alguém seria com uma pessoa com X características, como todo bom racional, já tinha desenhado em minha mente o modelo perfeito, cada característica milimetricamente estruturada de forma que essa pessoa entrasse em minha vida, mas não a dominasse, que ela tivesse um certo limite, que ela não tivesse poderes para adentrar lá naqueles cantinhos da alma onde a gente guarda os nossos maiores segredos, os nossos medos gigantes e principalmente os nossos sonhos... Mas como não encontrei ninguém assim, também tinha desistido de procurar, desistido de encontrar, e continuei sobrevivendo.

Continuei sobrevivendo, e de repente o destino, que acredito tenha um humor ácido e sarcástico, colocou alguém no meu caminho, e esse alguém tinha todas as características que eu não queria, não era o meu modelo perfeito, mas ele tinha qualidades que eu tinha esquecido que eram tão importantes, outras que nem conhecia... E comecei a ver que as pessoas não sorriem só com os lábios, porque o sorriso mais lindo dele é o que vem dos olhos, comecei a entender que a maturidade não está nos anos vividos, mas sim na grandeza das atitudes, voltei a acreditar que existem pessoas que se importam, porque ele se importa comigo, de uma maneira tão genuína que as lágrimas escorrem no meu rosto enquanto escrevo, eu que há tanto tempo não chorava nem por dor, hoje choro por amor, por me sentir amado.

Não tenho o modelo perfeito, e nem mais o quero, porque entendi que o que preciso é do real imperfeito, dos dentes separados, das tatuagens mal traçadas, do andar desengonçado, de cada imperfeição perfeita, porque foram nessas imperfeições que me achei, depois de tanto tempo perdido, me encontrei, depois de tanto tempo no cinza volto a descobrir uma aquarela, fiz as pazes com o silêncio, tirei o coração da gaveta, e sinto ele bater novamente, sinto, sinto e sinto... me sinto vivo... me sinto inteiro, me sinto pronto... pronto pra começar de novo.


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

E o vento sopra a favor...

Acho que está se tornando repetitivo eu falar que passei por um 2015 péssimo e um 2016 que parecia repetir o mesmo desastre que foi ano passado, mas como ser surpreendido faz parte dessa montanha russa chamada vida, eis que as coisas parecem estar mudando, finalmente os ventos parecem estar soprando a favor, na verdade não sei é o vento que está soprando a favor ou fui eu quem decidiu içar as velas do barco a favor do vento.

Passei muitos meses refém do negativo e me vitimizando pelas coisas que aconteceram, mesmo que a maioria delas tenham acontecido por maldade de outras pessoas, o papel de vítima não cabe a mim, perdemos muito tempo murmurando a maldade alheia, e este tempo murmurando só serve para nos levar mais para o fundo do poço, esquecemos que vivemos em mundo de 7 bilhões de habitantes e que a maioria das pessoas são pessoas boas, imperfeitas, mas boas... tenho me condicionado a acreditar que a bondade é a regra, e a maldade a exceção.

Mesmo que esta não seja a regra, isso não me importa tanto mais, o que me importa é saber que eu sou o senhor do meu destino, que eu escolho quais são as pessoas que fazem parte da minha vida, eu que decido até onde elas podem me influenciar, tanto para o positivo para o negativo, e hoje tenho me policiado e venho ensinando a minha mente que somente eu posso dar poder poder para um terceiro machucar a minha alma.

Os erros nos deixam mais espertos, as trapaças alheias nos tornam mais maliciosos, e um pouco de malícia na vida é essencial... os tombos nos ensinam a levantar, as cicatrizes nos alertam, e as dores lá no fundo nos fortalecem, o que não podemos deixar é que as intempéries na vida, nos tornem pessoas frias, que as pessoas levem nossos sonhos, nossa felicidade e esperança, porque no final das contas esses são os nossos únicos bens preciosos.

E por um tempo foi isso que levaram de mim, aquela alegria tão grande que eu tinha de viver, aquele desejo tão latente de vencer, de realizar, sucumbi à minha angústia e enterrei minha esperança em um lugar tão profundo que não conseguia mais encontrar, e nesse mundo cinza em que entrei acabei me perdendo, esqueci quem eu era, esqueci quem eu fui e deixar de pensar em quem eu queria ser, só sobrevivia, dia após dia esperando o dia que a caminhada aqui na terra terminasse, e a morte viesse me recolher.

Mas sempre acreditei que existe uma força maior que rege esse mundão, que existe um porque de algumas coisas nos acontecerem, sem fui do tipo que valorizei mais o positivo, e o principal sempre acreditei na lei do retorno, que ciclos se fecham e novos se iniciam, e hoje posso dizer com sorriso sincero no rosto que o meu ciclo de tristeza se fechou, e o que me restou do que aconteceu foram os ensinamentos e a certeza de que hoje enxergo a vida de outra maneira, enxergo a dinâmica da vida de uma forma mais realista, menos utópica, e definitivamente mais confiante.

O tempo e o nosso esforço trata de colocar todas as coisas em seu devido lugar, o importante é não fechar os olhos para os problemas, olhá-los de frente, e decidir que eles não são maiores do que sua capacidade de vencer, olhar para o espelho e enxergar em si o potencial de superação que todos temos, olhar para o mundo e ver que as pessoas de coração ruim são a exceção em um mundo sedento por mudanças e de pessoas de coração bom... olhar para si e ter a certeza de que a única pessoa que tem o poder de lhe machucar e também de lhe fazer feliz é você próprio, e quando mudamos nosso jeito de pensar, como em um efeito dominó, a mágica começa, e tudo pouco a pouco começa a mudar.

Tenho olhado e visto o quanto pessoas boas tem entrado em minha vida, o quanto essa força maior que rege o universo tem colocado oportunidades em meu caminho, oportunidade de mudar minha realidade e de fazer um amanhã diferente, são rostos, sorrisos, toques e histórias que se encontram à minha e me fazem ter a certeza de que nessa colcha de retalhos chamada vida, o positivo é imperante e a felicidade é destino de qualquer ser humano que não se rende aos problemas e não se permite desistir.






segunda-feira, 27 de junho de 2016

E os erros, são de quem?

Relacionamentos são tão complexos, são duas pessoas com histórias de vida, interpretações, posicionamentos e perspectivas diferentes, tentando fazer com que essa dinâmica improvável funcione e tome um direcionamento singular, conduzindo os dois para o mesmo lugar, mas durante esse rearranjo é normal que surjam os atritos, e o atrito é algo que não temos como fugir, afinal sem a força de atrito não teríamos se quer apoio para ficarmos de pé.

Se o atrito é tão necessário porque fugimos dele com tanta frequência? Alguns vão dizer que é por causa do medo de machucar e ser machucado, outros vão dizer que é medo de reconhecer uma co-dependência no relacionamento, mas eu acho que o grande problema é que o atrito ou faz com que apontemos o dedo para ou outro ou para nós mesmos, e como apontar o dedo para o outro sempre é mais fácil acabamos sempre optando por esta opção, e quando fazemos isso nos afastamos de quem deveria estar perto, nos colocamos num degrau mais alto e começamos a olhar o outro de cima, e quando isso acontece, normalmente o relacionamento está fadado ao fracasso.

Ouvi uma música do Legião Urbana que me fez pensar sobre isso, sobre essa dinâmica, de expressar aquilo que incomoda no outro, mas também de saber se colocar nos sapatos do outros e conseguir enxergar em si mesmo os defeitos que carregamos, que são nossos, mas acabam por afetar o outro, na música acredito eu que ele esteja falando sobre traição, mas acho que tem um significado muito profundo do que uma mulher que traia o companheiro fazendo sexo por telefone, a música ela fala sobre aceitarmos nossa responsabilidade dentro de um relacionamento, cada qual tem seu papel e sua responsabilidade por fazer essa dinâmica maluca funcionar, e quando algo dá errado a culpa sempre é dos dois, não acredito que relacionamento seja co-dependência mas sim uma co-responsabilidade, como ele diz na música "Palavras são erros e os erros são seus, não quero lembrar que eu erro também"... Coloquei abaixo algumas interpretações minha sobre a letra da música:


"Sexo verbal
Não faz meu estilo
Palavras são erros

E os erros são seus… "

Aqui ele está falando sobre sexo ao telefone, como vamos ver mais pra frente nos próximos versos da música, mas eu enxergo isso como palavras, ficar nessa onda de transar com palavras, de agradar com palavras, não faz o estilo do eu lírico, ele prefere ação à palavras, e ao ver que o relacionamento está sendo fundamentado em palavras ele se apressa em apontar o erro da outra parte.

"...Não quero lembrar

Que eu erro também
Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também…"

Sendo imperfeito e orgulhoso, ele insiste em não querer lembrar que do mesmo modo que outro erra ele também erra. 
Ele diz que pretende descobrir porque é mais forte quem sabe mentir, acredito eu que ele quis dizer que quem mente pro outro, normalmente aparenta ser mais forte, porque quem mente destrói, quem mente machuca... mas ele continua não querendo enxergar que ele machuca também.

"...Eu sei! Eu sei!…"

Mas mesmo com toda essa negação de suas falhas o eu lírico sabe que ele também é falho, e que carrega com si um arsenal de defeitos.

"...Feche a porta do seu quarto

Porque se toca o telefone
Pode ser alguém
Com quem você quer falar
Por horas e horas e horas…"

Como eu falei a letra fala sobre traição, aqui é onde ele fala sobre a traição por telefone que ele presenciava e fingia não ver, fazendo uma analogia, quantas vezes o outro age de maneira que não gostamos e nos calamos pensando estarmos contribuindo para um relacionamento mais saudável quando na verdade estamos alimentando um câncer que vai matar o relacionamento pouco a pouco.

"... A noite acabou

Talvez tenhamos
Que fugir sem você
Mas não, não vá agora
Quero honras e promessas
Lembranças e histórias…"

Aqui nas duas primeiras linhas eu entendo que seja a outra parte falando para o eu lírico que o relacionamento acabou e que ela e o amante tenham que partir sem ele, e nas outras três o eu lírico falando das projeções de futuro que ele tinha sobre o relacionamento, que ele não quer o fim porque ele quer lembranças e histórias, mais uma vez ele nega, como nega seus erros, ele também nega que aquele relacionamento possa ter chegado no seu ponto final.

"...Somos pássaro novo

Longe do ninho
Eu sei! Eu sei!…"
E aqui na última estrofe é a única em que não existe uma negação, aqui ele deixa de transferir a culpa para a outra pessoa e aceita que a responsabilidade é dos dois, o singular dá lugar ao plural, e reconhecer isso pode ser um novo começo, seja no relacionamento atual ou em um relacionamento vindouro.
Acho tão forte quando ele diz - "...Somos pássaro novo, longe do ninho..." - porque é o que somos quando começamos um relacionamento, indefesos e fora de nossa zona de conforto, somos pequenos, não temos bagagem em comum, e é preciso muita humildade pra reconhecer isso e mais do que humildade, muita coragem para crescer, bater asas e sair do ninho.

Essa música hoje me veio como um tapa na cara, pois muitas vezes me vejo procurando os defeitos no outro e negando que eu tenha parte nos fracassos emocionais que tive em meus relacionamentos, os atritos são saudáveis a partir do momentos que ambos reconhecem suas limitações e sua importância para fazer o relacionamento funcionar.


segunda-feira, 20 de junho de 2016

Meios ou inteiros?

Nascemos como seres frágeis, indefesos e totalmente dependentes de uma terceira pessoa para sobrevivermos, com o passar do tempo aprendemos a nos alimentar sozinhos, a andar com nossas próprias pernas, aprendemos a mantermos-nos vivos, mas será que se manter vivo significa que de fato estamos vivendo? Tenho pensado muito nisso, somos seres condicionados a criar expectativas,a depositarmos a responsabilidade por nossa felicidade e vida na mão de outro, podemos nos declarar independentes materialmente, mas quantos de nós pode falar que é independente emocionalmente?

A sociedade nos condiciona a pensar que parar sermos felizes de fato precisamos de outra pessoa ao nosso lado, precisamos encontrar a "metade da laranja", a "tampa da panela", aquele "tijolinho da construção", e nesse pensamento medíocre nos privamos de sermos felizes e por conta própria, e mais uma vez, voltamos a agir como aquele bebê frágil e indefeso e projetamos expectativas gigantescas em pessoas que não obrigadas a preencher lacunas e muito menos carregar um peso e uma responsabilidade que não é dela.

É normal que criemos expectativas, que tenhamos alguns modelos pré-definidos e que queiramos que eles se materializem e saiam do campo da imaginação e ser tornem reais, mas viver refém das expectativas que criamos chega a ser utópico, pois quando projetamos uma pessoa para nos relacionarmos projetamos somente as qualidades, seja para um amigo, um companheiro, um chefe, um colega de trabalho, seja quem for, esperamos somente as qualidades e esquecemos que a personalidade do ser humano e como uma colcha de retalhos, pedaços de qualidades e defeitos interligados, e é isso que nos torna seres únicos, os contrastes... Então esperar encontrar uma pessoa recheada de virtudes e coberta por qualidades nada mais é que o pior dos devaneios.

Muitas vezes esquecemos que somos os responsáveis pelo direcionamento de nossa vida e por mais que tenhamos percalços que as vezes atrapalhe o seguimento da vida, por mais que o mundo caia em cima de nossas cabeças nada tira de nossos ombros a responsabilidade pelas realizações de nossas vidas, terceirizar essa responsabilidade é covardia, é fraqueza... e infelizmente as conquistas não são uma constante para esse tipo de pessoas...

Então por essa lógica significa que não devemos esperar nada de ninguém? Sim... absolutamente NADA... Vamos conseguir agir deste modo? Não, provavelmente não... Então não devemos confiar em ninguém? Não é bem isso, confiar não significa esperar algo, confiar significa acreditar que determinada pessoa tem a capacidade de fazer algo...

A matemática é simples, 1+1 não é igual a 1, relacionamento não é subtração, é soma, é o encontro de dois inteiros que se juntam, não podemos nos contentar em sermos metades, não podemos nos contentar em sermos preenchedores de lacunas, complementar o outro não é preencher lacunas, é vivenciar situações que enriqueça cada parte da relação de forma individual, fazendo com que o relacionamento aconteça de forma mais sadia e real, afinal o mundo já está cheio de metades que fazem do relacionamento uma dinâmica destrutiva e ilusória, e o que nos sustenta é a realidade, ela que alicerça qualquer tipo de relacionamento, talvez ela não seja como histórias de contos de fadas, mas com certeza a realidade pode fazer com que os relacionamentos tenham desdobramentos felizes.

As pessoas elas chegam e um dia elas partem, seja de um modo ou de outro, então não podemos ser uma meia pessoa, por que estaremos fadados a viver pela metade, buscamos relacionamentos INTEIROS, e mais do que relacionamentos inteiros, precisamos ser seres humanos INTEIROS e quando isso acontece tudo muda, e estamos preparados para ser 100% em tudo na nossa vida e não meros meios esperando pelo acaso...

domingo, 8 de maio de 2016

Problemas...

Problemas, problemas e mais problemas, somos submetidos à provas do momento em que somos concebidos até quando chega a hora de nos despedirmos desse plano terreno, e mesmo assim eu particularmente não acredito que a morte seja um ponto final. 

Penso nos problemas como uma parte fundamental da aprendizagem e não existe desenvolvimento sem aprendizagem, então é mais do que certo falarmos que nos desenvolvemos através dos problemas pelos quais passamos, e é isso mesmo, sempre tem uma lição a ser tirada de um pequeno problema ou daqueles problemas colossais que as vezes aparecem no meio do caminho e mexem na nossa zona de conforto e viram nossa vida de cabeça para baixo.

Os problemas de primeiro momento nos cegam, temos a terrível mania de deixarmos os problemas maiores do que nós mesmos, subestimamos nossa capacidade de resolução e superestimamos o problema, maldito problema, ou será bendito problema? Em suma os estudos de Piaget dizem que só enxergamos algo como um problema quando nosso cérebro já possui a capacidade de resolução do mesmo, por exemplo, 1+1 para uma criança de 4 anos não passa de formas, um risco, uma cruz e um risco, para uma criança em fase de alfabetização ela já entende aquilo como uma operação matemática pelo simples fato de que agora ela possui capacidade de resolução deste problema... ou seja, se temos um problema, temos também a capacidade de resolução para ele.

Daí então vocês me perguntam: "Mas por que então eu não consigo resolver os meus?", porque a sociedade, a escola não nos prepara para resolvermos problemas, ela nos prepara para acertarmos exercícios, ela nos apresenta um modelo padrão de resolução de problemas e somos obrigados a aceitar aquele modelo como absoluto e único, lembro até hoje que na época das equações eu não gostava de fazer aqueles cálculos gigantescos que ocupavam linhas do caderno pelo simples fato de que tinha facilidade para cálculos e fazia a maioria dos cálculos de cabeça, e lembro que constantemente era repreendido pela professora de matemática, por eu "não estar fazendo o cálculo" da maneira correta, e eu sempre pensava comigo "Como estou fazendo errado, se o resultado está correto?"

Não existe uma fórmula mágica para resolução de problemas, um modelo fixo para se conseguir algo, o que existe é uma estratégia que deu certo para a maioria, mas não é porque deu certo para maioria que ela vai dar certo pra você e mesmo que ela dê certo não significa que não existe um outro meio de resolução.  

Os problemas da vida não são operações matemáticas, eles envolvem diversos esquemas, sentimentos e outras pessoas, talvez sejam mais complexos que uma equação, mas são tão possíveis de resolver quanto, é preciso criatividade, foco e empenho, e tenho vivenciado isso nos últimos meses, se eu pudesse escolher uma palavra para definir meu último ano a palavra seria PROBLEMA, mas hoje com mais calma eu enxergo que já mudei muita coisa, que já resolvi muita coisa e que também tem algumas que preciso correr atrás e fazer, mas tenho a certeza que tudo o que tenho passado tem um porque e esse porque eu não vou descobrir quando estiver velho, esse porque é simples, a gente passa por problemas para sermos melhores, então se tenho passado por muitos problemas é porque tenho que me tornar muito melhor.

E por mais que eu não saiba de imediato a resposta para tudo, eu sei que tenho dentro de mim a capacidade de resolver qualquer problema que cruze meu caminho, porque a vida é um grande rearranjo, a gente se recompõe, a gente recomeça, se reinventa e por fim a gente se reencontra.


quinta-feira, 17 de março de 2016

Primeiro andar...

As coisas que eu escrevo são reflexo da minha alma, acho que o momento que sou mais verdadeiro é quando eu escrevo, é como se as palavras não aceitasse meias verdades, ou quem sabe meias mentiras, é somente o meu eu nu e cru, e ser a gente mesmo sem máscaras, sem entraves, sem limitadores sociais é algo tão bom, tão libertador, e no final das contas é isso que tenho buscado cada dia que acordo, ser livre. Mas livre de quem? Livre de mim mesmo, livre dos pensamentos que me limitam e de um eu tão triste fraco que me esforço a cada dia para deixar pra trás.
Da última vez escrevi sobre a importância de deixar, pessoas, lembranças, situações e pensamentos que nos prendem e nos impedem de crescermos, de melhorarmos, de sermos felizes de fato. Acho que esse texto foi uma despedida do meu velho eu, de lá para cá se passaram cerca de 04 meses e foram meses de solidão, de introspecção, de muito pensar e de enterrar fantasmas e mais do que isso fazer as pazes com a dor, hoje ela não me machuca mais, ela me motiva.

Acredito que este momento de introspecção tenha sido muito importante pra tomar a decisão de ir em frente, de entender que a vida segue, que as vezes é preciso parar, e que nem sempre é preciso correr, eu sempre comparei muito a vida com uma corrida, uma competição e hoje entendo que a vida não é uma corrida, ela é um passeio, uma caminhada onde cada um se move na velocidade que seus pés permitem, descobri que o importante não é a velocidade mas sim o movimento, se mover, sair do status quo e mudar. Mas mudar o que? Ir pra onde? Agir como? São algumas perguntas que pra mim continuam sem respostas, mas hoje ficar sem estas respostas não me deixam ansioso e com aquela sensação de estar perdido, porque descobri que a gente nunca sabe mesmo pra onde estamos indo, não somos donos do futuro, tão pouco refém do nosso passado, somos seres em movimento no agora, no presente e de deixarmos de olhar tanto pra trás e diminuirmos essa ânsia gritante pelo amanhã, consigamos de fato vivermos.

Tenho ouvido muito Los Hermanos ultimamente, e o que mais me chama a atenção são as letras de suas músicas que para mim não simplesmente músicas, são poesias devido a grandeza e poder das palavras, e tem uma música hoje que ouvi muitas vezes e me fez pensar em tudo isso que eu escrevi e mais do que isso, ela me fez entender que a gente nunca vai saber o que futuro nos reserva e que esse é o grande barato da vida, andar e descobrir.


"Já vou, será
Eu quero ver
O mundo, eu sei
Não é esse lá..."

O primeiro andar de uma criança é um andar meio hesitante, mas os passos são movidos pela sede de descobertas, a criança não sabe o que o mundo reserva pra ela, mas ela simplesmente anda e aprende a se mover, muitas vezes nós precisamos reaprender a andar mesmo que já tenhamos dados incontáveis passos precisamos muitas vezes esquecermos disto e darmos nosso "primeiro andar".

"...Por onde andar
Eu começo por onde a estrada vai
E não culpo a cidade, o pai..."

Nos preocupamos tanto com o ponto de partida ou nos prendemos tanto ao negativo que muitas vezes nos pegamos inventando as mais variáveis desculpas para continuarmos no ponto em que estamos, estagnados como eternos reclamões que terceirizam a responsabilidade pelos seus insucessos. 

Temos que começar a andar aonde estamos, aceitar o que temos e ir mesmo que a estrada tenha pedras, espinhos ou seja lá o que lhe amedronta, temos que ir em frente sem culpar quem ou o quer que seja.

"...Vou lá, andar
E o que eu vou ver
Eu sei lá ..."

E a gente precisa continuar indo, andando e o que a gente vai ver lá na frente, o que a gente vai encontrar, "eu sei lá", acredito que esse "sei lá"possa ter um duplo sentido, ele significa tanto a necessidade de se assumir o risco de ir de encontro com o desconhecido e mesmo não sabendo ainda o que vamos ver lá na frente, quando chegar a hora vamos descobrir. 

"... Não faz disso esse drama essa dor
É que a sorte é preciso tirar pra ter
Perigo é eu me esconder em você
E quando eu vou voltar, quem vai saber..."

Perdemos muito tempo dramatizando e arrumando justificativas para enfrentarmos o desconhecido, assumir o risco de andar as vezes pode ter dores, mas como diz a letra da música"a sorte, é preciso tirar pra ter", ou seja pra ter sorte é preciso se arriscar, ninguém ganha na loteria se não comprar um bilhete e a vida é assim ninguém chega a lugar nenhum se optar pela estagnação.

E nessa caminhada, muitas vezes paramos e nos escondemos atrás de outras pessoas, muitas vezes abrimos mão da nossa caminhada por outras pessoas, paramos por alguém, e nessa negação de si em favor do outro que mora o perigo.

"...Se alguém numa curva me convidar
Eu vou lá
Que andar é reconhecer
Olhar..."

A vida é uma incógnita e nessa incógnita qual o mal de as vezes desviarmos nossa rota? Afinal andar é reconhecer é olhar. Viver é isso aproveitar o acaso.

".. Eu preciso andar
Um caminho só
Vou buscar alguém
Que eu nem sei quem sou..."

A caminhada por busca de auto conhecimento é solitária, mas isso significa que eu vou passar uma vida sozinho para poder me conhecer? De jeito nenhum, mas para se auto conhecer é importante ter momentos de introspecção e contato com aquele eu que muitas vezes desconhecemos, é importante lembrar que individualidade é diferente de individualismo.

"... Eu escrevo e te conto o que eu vi
E me mostro de lá pra você
Guarde um sonho bom pra mim ..."

O autoconhecimento é individual, mas a troca de experiências de não. Podemos caminhar sem necessariamente nos escondermos nos outros, a vida ela é assim uma troca constante de experiências, pra se encontrar não é preciso deixar de ser, pra se encontrar é preciso continuar. Continuar o quê? Continuar andando.