segunda-feira, 25 de maio de 2015

Livre...

Na madrugada de hoje tive um episódio de insônia, e decidi ver um filme, afinal como já tinha perdido o sono, não queria perder meu tempo na cama virando de um lado para o outro, então resolvi aproveitar o tempo e assistir um filme, e resolvi assistir "Livre" que no título original se chama "Wild", traduzindo para o português Selvagem, e de antemão já digo que o filme é sensacional.

O filme é baseado em um livro de mesmo nome que conta a experiência da autora Cheryl Strayed, que aos 22 anos perdeu sua mãe e após essa perda, ela mesma se perdeu, vivendo um casamento cheio de traições, sexo com estranhos, aborto e o vício em heroína, até que ela resolve se  reencontrar e decide fazer uma caminhada cruzando os Estados Unidos, iniciando a trajetória na fronteira com o México e terminando na fronteira com o Canadá. No filme Cheryl é interprentada por Reese Whiterspoon, que já tinha provado que seu talento vai muito além da comédia, no drama Johnny e June, o filme me fez refletir muito, um daqueles filmes que você assiste e quando termina seu espírito está renovado.

Então vamos lá, depois que Cheryl perdeu sua mãe, que era sua referência, seu porto seguro, ela se viu perdida e sem forças e como escrevi no parágrafo anterior se afundou em em um processo de autodestruição, acredito que ela tenha se afundado nesse mundo porque ela era tão emocionalmente dependente da mãe que mesmo aos 22 anos ela não havia criado uma personalidade própria, nunca teve uma relação real consigo mesmo, trocando em miúdos ela não se conhecia, e quando se viu sem seu ponto de referência se viu sem nada, e o sentimento de não ter nada e não ser nada é um dos piores que podemos sentir, mas ela teve a sorte de ter alguém que não desistiu dela, e a resgatou, mas isso não era o suficiente, a gente não pode passar nossa vida toda esperando que alguém venha ou nos salve, não podemos condicionar nossas escolhas, nosso destino à terceiros, precisamos ser donos de nós mesmos e foi nessa busca de ser dona de si própria que Cheryl partiu para essa caminhada cruzando os Estados Unidos, 03 longos meses para se conhecer.

O que Cheryl sabia sobre longas caminhadas? Nada! Mas ela sabia que as vezes para aprender não adianta somente lermos os manuais, é preciso testar na prática, a vida real é assim, tentativa e erro, um passo após o outro e assim foi com ela, e durante a caminhada ela foi experimentando diversos sentimentos e situações que somente uma caminhada como aquela poderia lhe proporcionar, o medo de estar no meio do nada sozinho cercada por possíveis ameaças, as dores que caminhar em média 20 km por dia com um peso surreal nas costas com uma bota apertada pode causar, a necessidade de se livrar do peso desnecessário para continuar, a experiência de conhecer novas pessoas e ver que existem um pouco de maldade pelo caminho, mas uma imensidão de bondade por onde a gente passa e muitas vezes nem notamos, mas acredito que estas coisas não necessariamente precisamos fazer uma caminhada de 03 meses para descobrir, mas somente prestarmos mais atenção no nosso dia a dia.

Mas mais do que todas as experiências e situações que falei, ela teve que enfrentar o maior dos meus medos em particular, a solidão, e eu acho que eu tenho tanto medo da solidão porque sou um pouco como ela, muito dependentes das outras pessoas, e a solidão na minha concepção é o maior desafio que podemos enfrentar porque no fim das contas não podemos fugir de nós mesmos, confesso que depois de assistir o filme comecei a enxergar a solidão de outra maneira, as vezes ela é necessária, para entrarmos em um contato mais profundo conosco, porque na correria do dia a dia acabamos não tendo tempo desse contato mais intimo, enganamos a solidão com as diversas possibilidades que o mundo moderno nos proporciona e escondemos nossos erros e as partes de nós que não gostamos debaixo do tapete e seguimos a vida, e o filme mostra que não adianta seguir por esse caminho, a gente só muda quando tocamos na ferida, quando tiramos a sujeira de baixo do tapete, quando enfrentamos nossos fantasmas.

Mais do que enfrentar, ficou  bem claro que existem coisas que temos que aceitar, o que foi feito não pode ser desfeito, não existe uma máquina do tempo para que possamos voltar e mudar o que fizemos, e na verdade não precisamos mudar o que fizemos, porque no final das contas de um modo ou de outro nossas cagadas fazem parte de quem somos, e de novo, não tem como fugir de si próprio, faz parte do nosso eu, precisamos desta solidão para vermos e analisarmos de forma cuidadosa nossa vida, aceitarmos nosso passado, exorcizarmos nossos demônios, e seguir em frente, na caminhada constante os músculos se fortalecem e nosso corpo se adapta para podermos concluirmos a caminhada, mas somente se continuarmos se pararmos a inércia toma conta de nossa vida, então esse é o segredo olhar para si, aceitar quem você é, se perdoar pelo que você possa ter feito e seguir em frente, porque não existe força mais selvagem, indomável e libertadora que o autoconhecimento.

E como ela escreveu no caderno de anotações no início da caminhada, citando Emily Dickinson "Se sua coragem sumir, vá além da coragem" ... resumindo... vá!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Descobrir...

Pensar, pensar e repensar... acho que passei o tempo necessário fazendo este exercício e esse exercício de reflexão foi essencial e me fez descobrir tantas coisas:
Descobrir que a felicidade plena não existe, o mundo é feito de opostos, de extremos distintos, não reconheceríamos o doce se não existe o seu contraponto o amargo, e assim é com a felicidade, só a valorizamos de fato depois que provamos a tristeza, só sorrimos com a alma, quando nossos olhos já gastaram todas as lágrimas da mais vil tristeza.

Descobri que a tristeza, a dor não mata, ela te fortalece, mas somente se você não se render a dor, mas sim aceitá-la, extrair dela a lição que precisa ser aprendida e depois seguir em frente e cuidar de si, não existe dor ou tristeza que seja mais forte do que o poder do autoconhecimento e do amor próprio.

Descobri que os amigos são poucos, mas também descobri que definitivamente a qualidade é melhor que a quantidade, não tenho a quantidade de amigos que pensei que tinha, mas os que eu tenho e que hoje posso chamar de amigos, sei que estão comigo no pior e no melhor, e no final das contas é isso que vale a pena.

Descobri que ser traído dói, mas que perdoar conforta, a mágoa definitivamente só faz mal para quem a carrega, e nessa vida não leva a pena levar bagagem desnecessária, o mundo dá voltas e o tempo se encarrega de colocar tudo no seu lugar.

Descobri que se existe um sentimento libertador, esse sentimento é o perdão, perdoar não é esperar alguém vir até você e pedir perdão, perdoar assim é muito fácil, perdoar é você perdoar mesmo quando a outra pessoa não reconhece seu erro, e até mesmo quando ela insiste nele, essa é realmente a essência do perdão, ele não é um sentimento bilateral, ele é unilateral, algo seu com você mesmo, perdoar liberta, perdoar os outros e principalmente a si mesmo, deixar de se culpar pelo passado, pelo que fez ou pelo que deixou de fazer, perdoar é preciso para seguir em frente.

Descobri que ninguém pode seguir uma viagem longa carregando consigo muito peso, levar o essencial é preciso, assim como deixar para trás tudo aquilo que não nos faz bem ou não nos é útil, afinal precisamos de espaço para guardarmos os presentes que o presente nos dá dia após dia.

Descobri que Deus, não está em uma placa de igreja, mas sim em todo lugar, pronto pra ouvir e pronto pra ajudar quando a gente se dispõe a fazermos nossa parte, afinal tudo nessa vida é uma via de mão dupla, não podemos esperar que nada caia do céu, porque definitivamente nada vai cair do céu ou vir de graça, só consegue as coisas quem acredita e luta para fazer as coisas acontecerem.

Descobri que quando passamos por uma experiência tão dura como uma depressão, nunca mais vamos ser os mesmos, deixamos de ser quem éramos e nos tornamos alguém diferente, ou uma pessoa muito frágil ou muito mais forte, assim mesmo, sem meio termo, mas essa consequência não é aleatória, ela é uma escolha, e eu particularmente escolhi me tornar alguém muito mais forte.

Depois de tudo  que passou consigo enxergar a vida de outra maneira, dar mais valor ao tanto que tenho, mudei muito, e hoje sei que a gente não conhece a nossa capacidade de resistir, de lutar e principalmente de vencer... essa é a nossa essência, nascemos para sermos felizes, para sermos vencedores, mas ninguém pode ser vencedor se não existir uma batalha a ser lutada, eu venci a batalha que vinha travando, mas não subestimo meu adversário, muito pelo contrário, sou grato a ele por me forçar a descobrir o meu potencial e a força que não sabia que tinha dentro de mim.

Poderia passar horas aqui as lições que aprendi nesses meses escuros, mas o sono que há muito tempo não vinha de forma natural me impede, mas posso falar com conhecimento de causa que a escuridão não dura para sempre, que quando a gente menos espera o sol volta a brilhar e devido aos dias escuros a gente aprende a valorizar mais a luz, e também a conviver com a escuridão de vez em quando, afinal uma não existe sem a outra.



sábado, 2 de maio de 2015

Grey's Anatomy

Dentre muitas paixões que tenho uma delas é assistir filmes e séries, li há um tempo atrás que  foi feito um estudo por três pesquisadores do Texas, onde estes cientistas observaram o comportamento de 316 jovens entre 18 e 29 anos, e concluíram que assistir séries continuamente, quando você embala um episódio após o outro é sinal de depressão e solidão.

Hoje em dia graças aos serviços de stream em especial a minha amada Netflix, as famosas maratonas de séries se tornam cada vez mais comuns uma vez que temos a nossa disposição diversas séries e temporadas inteiras para assistirmos a hora que bem entendermos, e como não é segredo nos últimos meses eu andei muito depressivo e solitário, e reforçando o estudo que citei há pouco, minha fuga era deitar no meu sofá e assistir séries, e minha maior companheira foi a maravilhosa Grey's Anatomy, que já possuía 10 temporadas na Netflix, e assim foi, um episódio atrás do outro, tomando como base que cada episodio tem em média 45 minutos de duração, e cada temporada uma média de 22 episódios, fazendo as contas por cima, isso daria em torno de 165 horas eu acredito, e nessas 165 horas confesso que me apaixonei e me identifiquei por cada episódio.

A série foi criada por Shonda Rhimes, que foi carinhosamente apelidada pelos fãs da série de Shondanás, porque em alguns momentos ela é extremamente cruel, e acho que foi esse o ponto que fez com que eu me apaixonasse pela série, ela escreve sobre situações reais, sobre encontros, desencontros, desastres, dores, alegrias, famílias, sofrimento e ela o principal é que na série estes sentimentos não são exclusividades dos mocinhos ou dos vilãos, se é que existe algum vilão, mas a série mostra que não importa o quão bom somos, no seriado todos os personagens são médicos e seu trabalho é salvar vidas, não importa as boas ações que faça, o mundo vai te fazer provar o doce e o amargo, o mundo vai te fazer conhecer o melhor e também o pior, e quando você conhece o pior você tem duas opções, se render ou seguir em frente.

E acho que uma das coisas que tem feito com que eu melhore é exatamente isso, enxergar que independente do que aconteça sempre existe um recomeço, sempre existe a volta por cima. Atualmente está passando a 11ª temporada da série e o inesperado aconteceu, e Shonda fez a maior de todas as suas crueldades nesses 10 anos de série, para quem acompanha a série sabe que a história gira em torno de dois médicos Meredith Grey e Derek Sheperd, que viveram a mais linda história de amor entre indas e vindas e desastres e mais desastres, mas continuaram juntos e fazendo com quem assistisse ainda acreditasse que o amor verdadeiro existe, eles definitivamente eram o casal perfeito, e o que aconteceu? Derek morreu da forma mais estúpida possível, deixando Meredith viúva, com dois filhos e grávida, desgraça pouca é bobagem, mas o mais interessante foi ver que ela precisou ser forte, porque ela acreditava que existia uma maneira de se começar de novo.

E a vida nada mais é do que isso, começar de novo a cada dia, encontrar uma maneira de deixar alguns fantasmas para trás e seguir em frente, seja na alegria e principalmente na dor.