segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Escrevo, fujo e finjo...

verbo
  1. 1.
    transitivo direto
    representar por meio de caracteres ou escrita.
  2. 2.
    transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo
    expressar-se por meio de escrita

Sempre me senti uma pessoa única, que as minhas ideias e os meus sentimentos não se encaixavam na normalidade desse mundo. Escrever pra mim é como se a folha de papel ou as teclas do teclados fossem o único modo de poder me expressar, ser quem eu sou, sem me sentir julgado ou mal interpretado, escrever pra mim é uma forma de poder ser quem eu sou, sem máscaras, sem receios, sem tanto pensar antes de poder expressar o que eu sinto e o que eu acho.

Escrever é a minha forma de me sentir normal. Normal? O que é ser normal? Ser usual, comum, regido por regras, comum, natural? Definitivamente eu não sou normal, e nem sei se quero ser. No fim das contas eu só quero ser eu, mas porque é tão difícil ser você mesmo?
Vivemos em um mundo em que somos criados, e programados para seguir alguns padrões, e quando a gente decide subverter padrões, somos vistos como aberrações.

Não sou a pessoa mais fácil deste mundo, e nem tenho a intenção de ser, mas não sou uma pessoa ruim, maldosa ou que busca o mal de outro ser humano. Mesmo em meio as minhas infinitas falhas, ainda busco enxergar no outro algo positivo mesmo em meio a tantos motivos para deixar de acreditar nisso.

Escrever, "expressar-se por meio da escrita"... expressar-se, se comunicar, se representar na sociedade, como se expressar numa sociedade que só quer ouvir o que lhe agrada e que ainda não aprendeu a interpretar o outro lado sem a influência esmagadora do ego? Escrever é bem melhor... uma folha de papel não tem ego, ela somente recebe aquilo que você deposita, ela não julga, ela não aproveita da sua vulnerabilidade... a folha de papel vai continuar sempre minha melhor amiga. Não por ela não trazer uma réplica daquilo que é depositado nela, mas sim por ela me permitir o silêncio, o silêncio que me leva a uma análise crua e as vezes cruel de mim mesmo.

Escrever as vezes é como sair correndo sem rumo, é como se por alguns momentos eu pudesse desaparecer dessa realidade cinza onde parece que tudo ao meu redor me dissesse que eu não pertenço a este lugar, escrever é poder por algum momento me expressar e ninguém se sentisse atacado pelos meus posicionamentos.

Acho que talvez tenha perdido a capacidade de viver em sociedade, parece uma idéia inaceitável dizer isso, mas as vezes acho que não nasci para viver ou lidar com os seres humanos, talvez eu seja uma falha na matrix, um ponto fora da curva ou simplesmente mais um erro nesse universo cheio de falhas e erros.

Mas entre falhas e acertos eu continuo sendo eu mesmo, e sei que não tenho coragem de colocar um fim nessa minha vida medíocre e cheia de sofrimento, então continuo escrevendo, continuo fugindo, e também um pouco fingindo... fingindo que nas palavras eu encontro a paz que sempre busquei desde que me tornei consciente de que não sou uma pessoa que nasceu para viver de acordo com as regras de convívio criadas para alimentar nossos egos. 

Então escrevo, fujo e finjo, ou finjo fujo e escrevo. 

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