sábado, 25 de abril de 2015

Sete Vidas...

Ontem fiz uma viagem longa e sozinho, e sempre quando dirijo é lei ligar o rádio do carro muito alto e viajar ouvindo música, e sempre tem alguma música que toca e você logo se identifica, e ontem não foi diferente, no meio de um milhão de músicas de estilos diferentes, tocou Sete Vidas da Pitty, e uma frase me chamou a atenção em especial "... se coisa ruim faz a gente crescer e todo esse clichê, já nem caibo mais na casa, já nem caibo mais aqui..."  pensei comigo e isso pra mim neste momento que estou passando faz muito sentido, tem tanta coisa ruim acontecendo que devo estar me transformando em um gigante, e conforme a gente vai crescendo alguns espaços se tornam pequenos para nossa estatura, vamos crescendo e trocando as roupas que não servem mais, e buscando por espaços que consigam acomodar nosso tamanho da melhor forma, então pensei, as coisas ruins nos preparam para coisas maiores, então acredito que o que estou passando seja para isso, uma preparação para algo maior que estar por vir.

Como sou um cara bem curioso, fui procurar no grande oráculo chamado "Google" alguma informação sobre a letra dessa música assim que cheguei em casa, porque depois de ouvir a música repetidamente eu pensei que comigo que aquela letra era muito pessoal, muito visceral e deveria ter sido motivada por alguma experiência de vida muito dolorosa, mas muito significativa e achei que ela passou mesmo por algumas experiências ruins, como o suicídio de seu melhor amigo de infância o qual fazia parte de sua banda e uma doença que a levou para a UTI e a deixou afastada dos palcos por meses, e consequentemente uma depressão.

Mas como ela canta na música "...é besta sim, esse quase morrer, desconsertante perceber que as coisas são, e tudo floresce a despeito de nós..." e realmente é isso mesmo, quando a gente chega lá no fundo do poço, quando parece que tudo acabou é isso mesmo que a gente pensa, as coisas são, e ponto final, problemas são problemas, fugir, fingir que eles não existem não mudam a realidade, os problemas existem e continuam ali, até que chega uma hora que a gente percebe que o mundo não gira ao nosso redor, que as pessoas continuam a viver com ou sem você, você estando bem ou não, não que as pessoas não estejam dispostas a nos ajudar, mas acredito que as maiores batalhas são lutadas sozinhas, como ela mesma diz no trecho seguinte viver é coisa de insistente "... pálido, doente, rendido e decadente, viver parece mesmo coisa de insistente..." parece forte o que eu vou escrever agora, mas nos últimos meses a única coisa que eu não tinha era vontade de viver, pedia a Deus todas as manhãs e noites para que Ele me levasse porque tudo parecia muito pesado, tudo parecia cinza, e não queria mais insistir, mas sempre tinha uma voz que dizia pra continuar, pra dar mais um passo, e assim fui indo, insistindo e indo.

E esse insistir vale a pena, confesso que não venci ainda a batalha que tenho travado contra a depressão, mas definitivamente me sinto muito mais forte do que eu era há meses atrás, muito mais humilde e muito mais conhecedor de mim "...a postura combativa, ainda estou aqui vivo, um pouco mais triste, mas muito mais forte. E agora que voltei quero ver me aguentar...",  então tenho seguindo combatendo o bom combate, como diria Paulo, e assim estou aqui vivo, mais triste eu confesso, mas muito maior e muito mais forte, e só tenho a dizer que quem queria me ver lá no fundo vai ter que aceitar que lá não o meu lugar e me aguentar, porque minha natureza é resiliente, minha natureza é a de continuar e seguir... 




terça-feira, 14 de abril de 2015

O essencial é invisível aos olhos...


Hoje acordei me sentindo mais leve, me levando menos a sério e talvez seja aí que esteja o segredo... levar a vida menos a sério, levar a si mesmo menos a sério, se importar menos e viver mais. Acordamos todos os dias com uma pilha de responsabilidades e compromissos e quando vemos já estamos de volta em nossa cama, com a cabeça no travesseiro prontos para dormir e no outro dia começar tudo outra vez.

Parece papo daquelas palestras de auto ajuda, mas definitivamente a felicidade real se encontra por meio das coisas simples, coisas que de tão simples as vezes não notamos e não damos o devido valor, as vezes essas coisas pequenas e simples passam invisíveis frente aos nossos olhos cegos por tanto caos, não tiramos tempo para parar respirar fundo e admirar tudo o que há de bom em nossa vida, esquecemos de desfrutar as maravilhas de sermos nós mesmos, no livro O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry, disse que "o essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração", e isso hoje faz tanto sentido.

Essas coisas de tão simples não são notadas, e te de tão pequenas escorrem pelos vãos dos nossos dedos e se perdem pelo caminho, e de tão pequenas as vezes quando perdemos são difíceis de serem encontradas normalmente, por isso é imperativo reconhecermos a simplicidade e beleza da vida, e cuidarmos dela como nosso maior tesouro, porque é isso que a simplicidade é, um bem precioso.

No meio do caos que as vezes nos encontramos é possível encontrar paz, no meio da escuridão ainda é possível encontrar luz, mas para encontrar isso é preciso parar de olhar com os olhos e começar a olhar com o coração, é preciso parar, olhar pra si, olhar ao nosso redor e reconhecer a quantidade de coisas boas que temos ao nosso redor, familiares, emprego, saúde, amigos, inteligência, um teto, honestidade, compaixão, paixão... poderia citar uma lista enorme de coisas que temos e muitas vezes não nos damos conta, talvez não a tenhamos todas ao mesmo tempo, mas com toda certeza sempre temos algo simples que faz com que nossa vida tenha mais sentido.

Não temos todas as coisas que queremos, mas quando focamos no que temos ganhamos força para buscar o que queremos, e é nisso que eu tenho me agarrado e o que tem me motivado a levantar todas as manhãs, o que eu tenho e não o que eu não tenho... Quero muitas coisas, possuo aspirações grandes, sonho alto, mas valorizo pouco o que eu tenho. Jesus Cristo disse que ensinaria linha sobre linha, preceito sobre preceito, e a vida é assim, pouco a pouco, aprendemos o básico e pouco a pouco nosso sistema cognitivo vai se aperfeiçoando para receber e processar um maior número de informação.

Quando nascemos nossa primeira refeição não é uma boa macarronada de domingo, nosso organismo não está preparado para alimentos sólidos, nascemos mas estamos em constante desenvolvimento, precisamos nos alimentar do leite materno, depois de comidas pastosas, frutas e assim por diante, é um processo e como todo processo isso leva tempo, e quando eu falo em tempo, falo em meses, anos... quando começamos a ser alfabetizados não começamos por uma tese de mestrado, desenvolvemos nossa coordenação motora, nos familiarizamos com as letras, sílabas, formamos palavras e quando nos damos conta naturalmente estamos escrevendo, como estou aqui fazendo.

A felicidade assim como a evolução é um processo natural, nascemos para isso, esse é nosso propósito evoluirmos e sermos felizes, nosso propósito não é o de sermos melhores que qualquer outra pessoa nesta terra, nosso propósito é de sermos o melhor que podemos ser, e nosso potencial é infinito, as possibilidades de sermos felizes são incontáveis, precisamos parar de acelerar o relógio e aceitar que cada coisa nessa Terra tem um tempo exato para começar e terminar, basta fechar um pouco os olhos e abrir um pouco mais o coração, e quando fizermos isto com certeza seremos mais felizes, pois novamente "o essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração".

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Morte e recomeço...


Há algumas semanas atrás eu escrevi sobre a importância de descontruir para construir, falei um pouco sobre a necessidade que tenho tido de fazer uma mudança interior para voltar a me sentir bem comigo mesmo, e tem uma parte do texto onde digo que toda reforma, gera desconforto, acho que estou nesta fase, destruindo algumas coisas, me livrando de outras, é como se nada mais estivesse no lugar que estava, sinto minha vida de cabeça para baixo, mas não é ruim ter a vida revirada, aprendemos a enxerga as pessoas e as situações de diversas perspectivas e isso nos serve para que possamos nos tornar mais fortes, mais inteligentes e mais adaptáveis as adversidades que nos rodeiam.

Sou uma pessoa extremamente ansiosa, só penso no final de tudo que faço, e esqueço que para chegar no final existe todo um caminho a ser percorrido, sou exigente demais, as vezes cruel comigo mesmo, porque qualquer coisa que seja diferente do final  não é o bastante, não me contento com as pequenas batalhas que ganho, não me regozijo no meu dia a dia, porque estou sempre olhando lá na frente, e esqueço que o lá na frente vai ser sempre um ponto de interrogação, o amanhã pode ser ou pode não ser, e com isso esqueço de valorizar o que realmente vale a pena, o hoje.

Tenho passado por experiências que estão me fazendo enxergar que tudo é tão passageiro, a dor, as lágrimas, os sorrisos, a alegria e até mesmo as pessoas, nada é imutável, nada é absoluto, a vida é uma sequência de mudanças, estava lendo que o corpo humano produz em média 300 milhões de células novas por minuto, o que daria por volta de 432 trilhões de células por dia, então por essência a vida é transformação, a vida é renovação, morte e recomeço.

Notei que tenho sido muito resistente, que não aceito que as coisas levam um tempo para acontecer, que os problemas possuem prazo de validade quando fazemos nossa parte, que tudo tem um começo, meio e  um fim, e essa resistência faz com que eu sofra, porque só penso no fim, no resultado final e me perco na resolução. Me falta serenidade, me falta paciência, me falta paz... Hoje pensei muito sobre isso, sobre o meio, porque o início e o fim pouco importam, o que importa é o meio, o que conta é o que se faz da linha de partida a até a linha de chegada, cheguei a conclusão que se eu continuar parado, pensando que as coisas vão se resolver de maneira milagrosa, elas não vão... se eu continuar desmerecendo as minhas pequenas vitórias eu nunca vou ser digno de ganhar esta guerra.

Mas reconhecer a necessidade de mudança é o primeiro passo para uma mudança real, e isso eu reconheço, sei que preciso mudar, sei que posso mudar, só preciso firmar minhas pernas e levantar a cabeça e ir em frente, passo por passo, levando comigo só o necessário e deixando para trás aquele antigo eu que já não tem lugar nessa jornada que tenho pela frente.