quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O carrossel nunca para de girar...

A memória de ninguém é perfeita ou completa. Nós confundimos as coisas. Estamos em um lugar e depois em outro, na nossa mente horas se transformam em segundos, as nossas experiências se transformam em lembranças e se amontoam na nossa memória e de repente tudo se parece com um longo e inescapável momento.
Minha memória sempre me intriga, sempre me engana, e sempre me alenta. Desde pequeno passei por experiências muito fortes e que deixaram marcas na minha alma, ser abusado na infância por um parente próximo, não ter uma fonte de afeto em meus pais, sofrer preconceito pela cor da pele, tudo isso mexeu muito comigo na minha infância e início da adolescência, mas o mais engraçado é que quando olho pra trás e puxo nos meus arquivos de memórias e tento lembrar dessas experiências tudo parece tão vago e desconexo, algumas coisas mal lembro, é como se elas se quer tivessem existido, só lembro de eu dizendo para mim mesmo, que aquilo iria passar e que um dia tudo ficaria bem. É muito engraçada a maneira como a memória funciona, não é? As coisas das quais não nos lembramos. As coisas das quais nunca esquecemos.

Dizem que podemos reprimir nossas memórias, ao ponto de não nos lembrarmos mais de algumas delas. As vezes me pergunto, estamos nos desfazendo de nossas memórias, ou as guardando em um lugar seguro, normalmente os lugares onde guardamos os nossos tesouros são os lugares menos conhecidos e menos visitados, porque do mesmo modo que guardamos nossos tesouros em cofres, guardamos ali também algumas memórias, porque o valor é o mesmo. Por mais dolorosas que essas memórias sejam, elas são valiosas. Construímos nossa vida em cima de erros e acertos. Nossas memórias nos fazem quem somos.

O tempo não para, não podemos voltar atrás, tampouco parar o tempo e viver um único momento, o tempo, a vida, ela é contínua, como disse Ellis Grey, "o carrossel nunca para de girar", e as nossas memórias vão sempre nos acompanhar e em um momento ou outro, elas vão nos trair, e algumas vão novamente parecer como um longo inescapável momento. 

Os momentos passam as vezes num piscar de olho, num novo amanhecer, na maturidade que vem com os anos, outros momentos perduram pela vida toda. Mas não deixam de ser momentos. Podemos escolher? O que podemos tirar? Que peças vão nos perseguir? Nos machucar? Acabar conosco? Nos inspirar?  Afinal..."o carrossel nunca para de girar"...

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