Há mais de 2 mil anos Aristóteles já dizia que a felicidade se atinge pelo exercício da virtude e não da posse, tenho pensado muito neste tal "exercício da virtude", o que é exercitar a virtude, quando tenho dúvidas gosto muito de ler o pais dos burros e ler as definições das palavras, no caso da palavra virtude, quando vamos ao dicionário encontramos a seguinte definição: "2.conformidade com o Bem, com a excelência moral ou de conduta etc.; dignidade."
Acho que de toda a definição o que eu mais é "conformidade com o bem", então exercer a virtude é simplesmente ser bom, mais uma vez, a felicidade não está no ter, está no ser. O psicólogo e matemático, Daniel Kahneman, dentre de suas diversas pesquisas onde ele aborda a relação do comportamento humano com o dinheiro, ele chegou a conclusão que há 50 anos atrás, as pessoas de forma geral tinha como ideal de felicidade, estarem casadas, possuírem uma casa própria, um carro na garagem e ao menos um filho estar cursando ou ter passado pela universidade, e hoje passado estes 50 anos, grande parte das pessoas que definiram que os pontos acima eram os pontos essenciais para a felicidade, relataram estarem insatisfeitas e não se sentirem realizadas ou felizes. Está ai a prova científica que a felicidade não está em nenhum bem material, a felicidade não está no ter, ela está no ser, mas ser o que? Somente ser bom é o suficiente? E eu digo não.
Acredito que que o primeiro passo para sermos felizes de fato é entendermos que a felicidade não é uma constante, e como sempre digo, nem poderia ser, afinal o equilíbrio só existe quando existe a oposição, então primeiro temos que entender que intempéries e tristezas vão continuar existindo, vamos continuar passando por momentos difíceis, mas entender que esses momentos difíceis servem para preparar nossa alma para momentos e situações melhores que nos levarão a sermos mais felizes.
Outro ponto importante é vivermos mais o hoje, vivemos num mundo em que somos muito cobrados, somos cobrados a vida toda pelos nossos pais, vamos para a escola e somos cobrados pelos nossos professores, começamos a trabalhar e temos um chefe nos cobrando, casamos e temos um cônjuge que nos cobra, temos filhos e nossos filhos nos cobram, as pessoas vão sempre projetar suas expectativas em nós, elas esperam sempre que sejamos de uma determinada maneira, e nessa constante roda de cobrança muitas vezes acabamos cedendo e tentando sempre nos enquadrar ao modelo perfeito que o outro criou para nós, e passamos a vida toda correndo atrás de um modelo de perfeição que não existe, um modelo de perfeição inatingível. Acho que todos nós se não fazemos isso, já fizemos em alguma parte de nossa vida, acordamos e pensamos: "eu tenho que ser um bom filho", "tenho que ser um bom aluno", "tenho que ser um bom profissional", "tenho que ser um bom namorado(a) ou esposo(a)", "tenho que ser um bom pai" e desse modo vamos nos sufocando nas expectativas dos outros e traçando planos a curto, médio e longo prazo para sermos aquele alguém que alguém projetou para nós, e gastamos nosso tempo nesse esforço insano em sermos melhores custe o que custar, e acabamos nos perdendo nesse emaranhado de "tenho que" e esquecemos que só existe um único "tenho que" que realmente importa, temos que acordar todos os dias, olhar para o espelho e dizer com firmeza para si mesmo que hoje EU TENHO QUE SER FELIZ e só. Quando estamos felizes, isso afeta de forma positiva todas as nossas outras relações.
Nosso maior compromisso não é com o outro, é conosco, nosso maior responsabilidade não é com o futuro, é com o hoje. Parar de projetar as coisas para o futuro é importante, claro que não vamos ser inconsequentes em viver como se não houvesse amanhã, mas precisamos viver mais o hoje, diria que temos que investir 80% do nosso tempo e esforços para ações que veremos os resultados a curto prazo e os outros 20% nos planos a longo prazo. A felicidade não é uma constante, não tem como estarmos bem todos os dias, mas ela tem que deixar de ser uma eterna projeção, algo que sempre está longe, que está sempre em coisas futuras, quando paramos para pensar podemos contabilizar inúmeros motivos que temos no dia de hoje para nos considerarmos pessoas "de sorte", pessoas felizes, se você não conseguir contabilizar no mínimo 05 motivos para ser feliz, procure um terapeuta urgente.
Precisamos nos conhecer melhor, e reconhecer que dentro de cada um de nós existe uma inteligência enorme, simples e natural que sabe exatamente o que fazer e aonde nos levar, algumas vezes esta inteligência se encontra latente, e só precisamos estimulá-la para que ela se desenvolva, é como um músculo, quanto mais você a exercita, mais forte ela se torna.
Mas como exercitamos essa inteligência? Exercitamos nossa inteligência quando reclamamos menos e agradecemos mais, quando passamos a acolher as coisas que a vida nos dá, sejam elas boas ou ruins, sem bloqueios, sem preconceitos, sem julgamentos, precisamos entender que por trás de cada problema existe uma oportunidade, e essas oportunidades disfarçadas vão nos ajudar a nos conhecermos melhor e este autoconhecimento traz alguns incômodos e inquietudes, mas se aceitarmos e trabalharmos isso, vamos de fato nos amarmos mais, nos aceitarmos e esta aceitação é a via mestra para uma felicidade real.
"Felicidade não é o que acontece nossa vida, mas como nós elaboramos estes acontecimentos. A diferença entre o sábio e o ignorante é que o primeiro sabe aproveitar suas dificuldades para evoluir, enquanto o segundo se sente vítima de seus problemas." - Roberto Shinyashiki
Então decida hoje, decida agora, olhe pra si e diga... EU TENHO QUE SER FELIZ...
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