terça-feira, 30 de junho de 2015

A mágica não dura para sempre...

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Voltar a viver é tão bom. coisas bobas que não fazia há tanto tempo voltaram a fazer parte do meu dia a dia, como ler um livro, assistir um filme... uma das coisas que a depressão me deixou de brinde foi a insônia, algumas noites durmo bem, outras não tão bem e em outras nem durmo, mas não perco mais tempo pensando em coisas negativas, ou me apegando ao que não me faz bem, então nas noites insones, leio, assisto TV, jogo vídeo game, limpo a casa, mas não permito mais que a minha mente seja refém de pensamentos ruins nas minhas noites em claro.

Hoje estou tendo mais uma noite de insônia, então aproveitei para assistir um filme e passar o tempo até o sono decidir vir me fazer companhia, não queria um filme muito profundo que me fizesse pensar muito, queria entretenimento puro, então decidi assistir Cinderela, a versão live action produzida pela Disney, e interpretações a parte o filme entretêm, o elenco é um elenco bom, com Kate Blanchett como a madastra, Helena Bonhan Carter como a fada madrinha e a não tão conhecida Lily James como a inocente Cinderela, já fazem o filme valer a pena, some a isso os efeitos visuais e a fotografia sensacional, pronto, temos um bom filme.

Acredito que todos conheçam a história da Ella, uma jovem que perde a mãe na infância, é criada com muito amor pelo pai, passados anos o pai se casa novamente e a Ella passa a conviver com sua nova madrasta e de brinde duas irmãs, atrapalhadas, egoístas e burras, mas como eu sempre digo, "desgraça pouca é bobagem", em uma viagem a trabalho o pai de Ella morre, e a pobrezinha sofre maus bocados na mão da megera da madrasta, lava, passa, cozinha, e tudo mais que você possa imaginar, com a morte do pai a família ficou sem dinheiro, sem empregados, então a madrasta aproveitou a boa vontade de Ella e a fez de empregada. Que mudança, de filha única do papai à empregada multifuncional, e nem assim Cinderela perde o sorriso no rosto e a bondade dentro dela, confesso que as vezes me dava vontade de entrar dentro da TV,  grudar a Cinderela pelos braços, dar um chacoalhão e dizer "Gata, manda sua madrasta pra puta que pariu", mas com o decorrer do filme comecei a entender que ela não era tão frágil como parecia, e que na verdade o que me incomodava não era a submissão dela à situação, mas sim a paz que ela tinha e a maneira positiva de enxergar as coisas, porque no final das contas foi isso que eu mais gostei no filme, o como a história mostra a importância de se olhar as situações negativas de uma maneira diferente.

O ápice do filme, é quando a madrasta a proíbe de ir ao baile, e a fada madrinha aparece e faz com que o sonho dela se realizasse, e daí tem todo o lance dá carruagem de abóbora, os ratinhos que viram cavalo, e os tão famosos sapatinhos de cristais, e lá se foi Cinderela pro baile, de gata borralheira à princesa, conquistou o princípe, causou inveja nas outras donzelas, virou o centro da festa, mas como avisado pela fada madrinha, a magia não dura pra sempre e pontualmente a meia noite, a carruagem viraria abóbora e tudo voltaria ao que era antes.

Caraca, pensei comigo, é bem isso na vida da gente, a mágica não dura pra sempre, a gente não vai ser o centro das atenções a todo momento, a mágica um dia acaba e é preciso aceitar isso, a realidade, para que o efeito dela, esse sim, tenha um efeito duradouro, aproveitar os momentos mágicos conscientes de que eles acabam e felizes pelas lembranças e lições que nos deixam, sem apego... Cinderela teve que lidar com perdas importantes, mãe, pai, sua história, suas referências, foi tudo tirado dela, por uma madrasta que só pensavam em dinheiro, e de tanto pensar em dinheiro não acumulou o que Ella tinha de mais precioso, experiências que a tornaram uma pessoa mais forte e ao mesmo tempo mais leve. O contraste é muito grande entre as duas, no final das contas a frágil da história era a madrasta, que poderia ter feições fortes, postura imponente, mas tudo aquilo ali era uma casca, pra esconder todos os medos e inseguranças que pouco a pouco vamos percebendo durante o filme.

O resto da história todo mundo conhece, ela sai correndo, perde um pé do seu sapatinho de cristal, a madrinha descobre que ela foi ao baile, o príncipe loucão faz de tudo pra encontrar a Cinderela e sai numa busca meio sem noção, fazendo com que cada donzela do reino tente calçar o sapato de cristal, e quem conseguisse seria a nova rainha, a madrasta sabendo disso tranca a pobre mocinha no sótão, mas como é um conto de fadas, o príncipe encontra a Cinderela, ela calça perfeitamente o sapato de cristal, eles se casam e vivem felizes para sempre. Aposto que eles devem ter tido muitas brigas, muitos momentos difíceis, mas como disse a fada madrinha "A mágica não dura para sempre", mas com certeza tiveram uma vida feliz, com alguns momentos mágicos, mas definitivamente com muitas histórias.

Tiveram dois momentos que me fizeram pensar em algumas. Logo depois da madrasta ter rasgado o vestido da Cinderela e a proibido de ir ao baile, ela corre para o jardim e começa a chorar e relembra do que a mãe dela havia pedido para ela no leito de morte "Seja gentil e tenha coragem", e ela chora dizendo que não tem mais coragem, que não acredita mais em nada, sim, vemos Cinderela na "bad", mas aí aos poucos ela vai criando coragem e mudando um pouco suas atitudes, essa frase é falada muitas vezes durante o filme, e está nela o segredo da paz de Madre Cinderela de Calcutá, gentileza e coragem, ser bom com as pessoas e coragem para aceitar e mudar as situações definitivamente nos erguem, nos fortalecem e mudam nossa vida.

Outro momento do filme que gostei foi quando o príncipe a encontrou no fim do filme, ela trancada no sótão, descabelada, roupas velhas, sem maquiagem... uma imagem bem diferente daquela princesa imponente do baile, mas aquela era ela de verdade, e enquanto ela desce as escadas para encontrar o príncipe, cheia de medos e insegurança quanto a reação e aceitação do príncipe em relação a sua verdadeira imagem temos a narração da fada madrinha que diz "...Quem ela era, quem era de verdade seria o bastante? Desta vez não havia magia para ajudá-la, talvez este seja o maior risco que podemos correr, sermos vistos como somos de verdade..." 

Essas duas cenas me fizeram entender que mesmo que ela nunca encontrasse o príncipe encantado, mesmo que ela continuasse pobre pelo resto dos dias, a Cinderela continuaria sendo feliz, ela continuaria a viver em harmonia consigo, porque ela tinha três premissas de vida, duas que a mãe dela ensinou "Seja gentil e tenha coragem" e a outra que a vida ensinou "Seja você", e a equação foi resolvida, Cinderela era aquele poço de bondade e paz porque ela era gentil, corajosa e principalmente, ela era ela mesmo, e eu vou deitar com essas três metas em minha vida. ser mais gentil, ser mais corajoso e acima de tudo ser mais eu mesmo.

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