A vida nada mais é que uma sequência de acontecimentos, esses acontecimentos podem ser bons ou ruins, isso é uma incógnita, mas num mundo tão incerto a única certeza que tenho é que esses acontecimentos vão deixar marcas, cicatrizes, algumas físicas, quase imperceptíveis, outras vão rasgar sua pele e ficarão gravadas por toda uma vida, e ainda tem aquelas cicatrizes invisíveis, aquelas cicatrizes que aparecem depois que sua alma é cortada em mil pedaços, aquelas cicatrizes que surgem depois que a vida te puxa até o seu limite e você pensa que não pode mais, aquelas cicatrizes quando você cai tão feio que pensa que não vai mais poder levantar...
Mas antes dessas feridas se transformarem em cicatrizes, elas precisam passar pelo processo de cura, é preciso juntar os pedaços, manter a ferida limpa, é preciso sentir e aceitar a dor, e entender que de um modo ou de outro a dor é temporal, ela tem prazo de validade, a dor é apenas um aviso para você não se esquecer que a sua ferida continua aberta e ela precisa de cuidados, a dor nada mais é do que nossa mente implorando para que cuidemos de nós próprios.
Toda dor passa, e pouco a pouco a ferida diminui, mas mesmo depois de cicatrizada normalmente fica alguma marca, normalmente quanto mais grave a lesão, maior a cicatriz. Durante nossa vida vamos acumulando cicatrizes pelo corpo e pela alma, pequenos lembretes das experiências boas e não tão boas que já passamos, mas a única certeza é que cada cicatriz carrega com ela uma história e independente desta história ter tido um desfecho bom o ruim, ela nos dá a certeza de que vivemos, que não passamos por esse mundo de passagem, ou permanecemos presos em uma redoma de vidro.
Hoje enxergo minhas cicatrizes como um prêmio dado a mim por ter me arriscado, por ter preferido agir ao ficar parado, minhas cicatrizes são meus troféus, por ter tido a coragem de viver.
Este início de ano tem sido muito difícil, passei por situações que me fizeram duvidar de mim mesmo, autoestima se tornou uma palavra inexistente no meu vocabulário, e a dor veio, uma dor que dilacerou minha alma, e eu não aceitei a dor, eu lutei contra ela, eu tentei fingir que ela não existia, não queria sentir a dor, e tudo isso só foi piorando porque a dor só queria me mostrar que eu precisava cuidar de mim mesmo.
Cuidar de si próprio é uma decisão pessoal, Deus pode abrir os céus, descer em uma nuvem dourada e gritar com voz de trovão, mas mesmo assim a decisão de cuidar de si próprio vai continuar sendo sua e não vai poder ser terceirizada, então hoje estou eu aqui fazendo este acordo comigo, um acordo de cuidar de mim, de me tratar bem, de juntar todos os meus pedaços e me reconstruir, de aceitar a dor e ir em frente.
Pouco a pouco a dor vai diminuindo até que a gente deixa de sentir e o que vai restar são só as cicatrizes, e essas minhas lindas cicatrizes vão ser sempre um motivo de orgulho e certeza de como disse Paulo "Combati o bom combate, completei a corrida, perseverei na fé!", e quando cito fé, não cito a fé em um Deus, não falo de religião e seus dogmas, falo da fé em mim mesmo.
Não preciso me desculpar por ser quem eu sou, não preciso ter vergonha de esconder minhas cicatrizes, afinal elas que fazem de mim um ser único.
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