Acho que devido às minhas crises de ansiedade, ultimamente não tenho tido muita "paciência" para assistir filmes que tenham uma história mais robusta e um desenvolvimento da história em um ritmo mais lento, tenho optado por filmes com menos conteúdo e mais velocidade, acho que porque sinto que minha mente esteja assim ultimamente, então para não pensar muito opto pelo entretenimento puro sem reflexão.
Hoje no começo da noite senti que estava perto de ter mais uma crise de pânico, para quem não sabe o que é isso, é uma das piores sensações que uma pessoa pode vir a ter, é como se você não tivesse controle nem sobre seu corpo e nem sobre sua mente, seu coração acelera, seu corpo começa a suar frio, tremores, respiração ofegante e dentro da sua mente passa um filme acelerado na velocidade máxima sem que você consiga apertar o "pausar", e o pior de tudo, é a sensação de estar em terceira pessoa vivenciando tudo isso de forma impotente, é literalmente desesperador, me senti como se estivesse prestes a entrar em colapso novamente, mas dessa vez consegui parar, fiz alguns exercícios de respiração e aos poucos fui me acalmando.
Depois que me acalmei decidi assistir um filme, mas dessa vez busquei um meio termo, um filme que não fosse vazio, mas que também não fosse tão denso e reflexivo, decidi assistir a Teoria de Tudo que conta a história do físico e cosmólogo Stephen Hawking, a atuação de Edward Redmayne como Hawkings e Felicity Jones como sua esposa é sensacional, a trilha sonora em si é um espetáculo a parte, vendo o filme com foco em Hawking, podemos tirar inúmeras lições de superação, da importância de não desistir, de conviver com as adversidades e por aí vai, mas confesso que pra mim a história de Hawkings ficou em segundo plano e quem me prendeu a atenção do início ao fim foi a história de Jane Hawkings.
No caso de Stephen ele não teve muitas opções, ele foi diagnosticado com uma doença degenerativa, ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica, no primeiro momento o médico lhe deu apenas dois anos de expectativa de vida, ou ele se tornava uma pessoa infeliz e esperava simplesmente o tempo passar ou ele escolheria viver e fazer história com o tempo que lhe restava, quem conhece de forma superficial a história vai achar que ele escolheu logo de cara a segunda opção, viver e se tornar um dos maiores cientistas contemporâneos... grande engano... ele escolheu a primeira opção e quem lhe devolve a vontade de viver foi a jovem Jane que nessa época ainda não era sua esposa.
Porque que eu falo que pra mim a história dela me chamou mais a atenção, porque ela sim tinha um leque de escolhas, ela poderia ter escolhido não ter vivido nada daquilo, poderia ter tido uma vida totalmente diferente, mas não, ela amava aquele homem de tal maneira que a escolha dela foi estar do lado dele durante os momentos mais difíceis, vivendo sempre como uma personagem coadjuvante enquanto o marido se tornava um protagonista, e algumas cenas deixam isso tão claro, tem uma cena em especial que me fez refletir sobre isso, enquanto o marido dela explicava a teoria do tempo para diversos outras autoridades do assunto, ela estava sentada lá no fundo admirando o marido já bastante debilitado pela doença dissertando sobre suas teorias.
Ela desenvolveu um amor que depois com o passar do tempo deixou de ser um amor de homem e mulher, mas era um amor muito maior que um amor simplesmente carnal, era um amor genuíno, um amor por si só, e o relacionamento que estava fadado há apenas dois anos, durou mais de duas décadas e pasmem, não terminou porque ela se cansou daquela relação, mas porque ele a trocou pela enfermeira.
E esta mulher foi tão sensacional que entendeu, perdoou e o principal, recomeçou, não vou entrar em detalhes porque já falei muito sobre o filme, mas pra mim a grande lição que o filme me deixou e com a qual vou me emaranhar no travesseiro antes de dormir é esta... a vida é entender, perdoar e recomeçar.
Conviver com nossas escolhas, entender os desdobramentos delas, perdoar as pessoas e principalmente a nós mesmos e mais do que qualquer coisa... recomeçar... independente da situação, do tempo, sempre existe um recomeço.
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