terça-feira, 17 de março de 2009

Felicidade... o tempo é agora


Já faz um tempo que não escrevo... primeiramente queria dar meus parabéns pras pessoas que conseguem atualizar um blog diariamente, isso pra mim é uma missão praticamente impossível. Parece que levanto as 06:00h pisco e quando vejo já são 01:00. O tempo passa com uma velocidade fora do normal, queria que meu dia tivesse 36 horas para ver se conseguiria fazer tudo o que gostaria de fazer. Já pensei em dormir menos do que as 05 horas diárias que durmo, mas isso não daria certo, amo dormir... e sinto muita falta das minhas horas de sono que deixei pra trás há mais de um ano... mas não tenho o porque reclamar, afinal pra cada escolha que fazemos consequentemente abrimos mão de algo.
Mas não estou aqui hoje pra falar sobre como durmo pouco ou o quanto de coisas que gostaria de fazer e não faço pela "falta de tempo"... mas sim pra escrever sobre algo que desde ontem vem martelando essa minha mente borbulhante.
Ontem, com o trânsito louco aqui de São Paulo cheguei atrasado a faculdade, todo feliz com meu jaleco branco e a todo vapor pra começar o meu experimento com o meu ratinho de laboratório na aula de psicologia experimental, quando entro na sala todos estão com uma cara de luto, como se alguém tivesse morrido... e pra minha surpresa foi isso mesmo o que aconteceu, um colega que estudou conosco e por alguns comportamentos que não eram adequados foi expulso da instituição tinha vindo a óbito naquela tarde. Mas o triste não foi a morte em si, mas sim o que levou a essa morte, vou falar um pouco sobre esse colega.
Ele era jovem tinha 20 anos, muito inteligente, filho único e foi criado pela avó, aparentemente um menino muito extrovertido, com um semblante "feliz", mas toda felicidade não passava de uma máscara, porque por trás daquele sorriso havia muito sofrimento e tristeza... ele era homossexual assumido e sua avó não aceitava isso de maneira alguma, e vivia humilhando o menino por causa disso, e por ela ser aquelas evangélicas fanáticas... ela achava que aquilo era obra do Diabo, por várias vezes levou o pastor pra casa pra conversar com o menino, até "exorcismo" ela tentou...
Por essas e outras ele não era uma pessoa com uma estrutura emocional e psicológica bem estruturada, sofria de muitos altos e baixos... ano passado no meio da aula ele simplesmente teve um surto, interrompeu a aula e começou a falar coisas sem nexo, e ameaçando uma aluna em especial, motivo esse pelo qual ele foi expulso da faculdade.
Há 15 dias atrás ele tomou ácido clorídico, mais conhecido como soda cáustica, ele foi internado, foi feita uma lavagem, mas a situação já era irreversível, o ácido corroeu sua boca, língua e esôfago além de causar alguns danos irreversíveis em alguns órgãos, mas mesmo com todo esse estrago ele ficou consciente por três dias, e acho que nesses três dias ele teve tempo pra pensar em tudo o que ele tinha feito e no que poderia fazer, e ele nesses três dias que ficou consciente começou a escrever algumas cartase uma em especial para nossa turma da faculdade, entre várias coisas que ele escreveu algo que me chamou muito a atenção foi ele ter dito várias vezes que precisava de perdão para poder descansar e que queria ter feito as coisas de uma maneira diferente... não vou transcrever aqui o conteúdo da carta por ser algo muito intímo...
Mas enfim... isso me fez pensar na importância de fazermos uma auto-análise de nossa vida... Perguntarmos pra nós mesmo se estamos indo pelo caminho certo, e principalmente se deixamos algo por resolver lá atrás... meu dia ele é muito dinâmico, passa voando, mas eu deito minha cabeça no travesseiro e penso : "- FUI FELIZ MAIS UM DIA"
Que possamos sempre ter isso como nossa principal meta, ter dinheiro, beleza, um trabalho rentável, ser reconhecido... tudo isso é importante e nos traz fragmentos de felicidade, mas a felicidade verdadeira como disse Guimarães Rosa "se encontra nas horinhas de descuido".
Que sejamos mais descuidados .... e consequentemente mais felizes!
Em memória de D.

Um comentário:

  1. Adorei a reflexão. Às vezes a gente dá tanto valor ao que é secundário que esquecemos exatamente o que nos é importante: nos desligar nas frustrações da vida e sorrir (mesmo que seja discretamente) para as pequenas e belas coisas da vida. E que seu colega de classe esteja em paz e feliz.

    Abração!

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